Teoria ou Prática?
Apesar de vivermos tempos contraditórios de grandes palavreados e ainda de maiores incertezas, em que se fala acerca de tudo e de nada, de alguma coisa ou de coisa nenhuma, de aspetos importantes ou sem importância, porque não escrever sobre o que os práticos dizem da teoria e os teóricos da prática?
Os defensores da prática dizem que ela é o único conhecimento com valor e que a teoria não conduz a nada. Entre outras considerações, afirmam que teoricamente um pássaro não voa. Segundo eles, os teóricos constroem grandes edifícios e acabam por viver ao lado em casinhotos. Tal como Goethe, afirmam que a teoria é cinzenta enquanto a árvore dourada da vida é verde, e acrescentam que “na prática, a teoria é outra”.
Porém, por sua vez, os adeptos da teoria afirmam que a prática se transforma rapidamente numa moda que viaja entre o teórico e o trivial, sem distinguir um do outro. As respostas dos teóricos aos práticos traduzem-se num encolher de ombros ou então em comentários evasivos, longos, complexos, e sem que na maior parte dos casos respondam às questões postas. No entanto, não parecem ter qualquer dúvida em afirmar que sem teoria a prática não tem por onde se guiar.
Certamente que nestas maneiras de ver de práticos e teóricos estão implícitas algumas contradições da sociedade, que privilegia a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual e, claro, a teoria da prática. Talvez por isso se continue a assistir a um virar de costas entre os homens das empresas e os das universidades.
Mas será possível a teoria e a prática viverem uma sem a outra? Ou será que elas se completam?
A teoria fornece razões e princípios, é descritiva. A prática consiste numa série de comportamentos concretos. Mas será que há necessidade das duas? – perguntam os adeptos de uma e de outra!
As discussões entre teoria e prática até podem ter alguma razão de ser. Se se discute tudo, porque não isto? Mas uma coisa parece certa. Uma teoria sem prática pode não passar de uma razão abstrata e uma prática que não se oriente por uma teoria pode resultar numa atividade ao acaso.