Ser Formador

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Ontem assinalou-se o Dia Mundial do Formador, um dia com muito significado para a Nova Etapa que nos seus 27 anos muito se tem dedicado à formação de formadores. Formámos milhares de formadores de todos os setores e áreas de atividade, e de muitos lugares: Portugal, Açores, Madeira, Roménia, e Angola. E ganhámos prémios ainda antes da entrada neste milénio (prémio ANEFA em 1999 com o projeto Curso de Formação Pedagógica de Formadores a Distância) e depois (1º prémio ANEFA em 2000 para o projeto Curso de Formação Pedagógica de Formadores por Unidades Capitalizáveis). Podemos afirmar sem sombra de dúvida que estamos orgulhosos do nosso papel na transmissão de conhecimento.
Em muitos casos os nossos formandos tornaram-se os nossos formadores porque sempre privilegiámos esta relação e a confiança na capacidade do discípulo se tornar mestre quando bem moldado e, hoje em dia, podemos afirmar com toda a certeza que este investimento não nos desiludiu. Formar bons futuros formadores só é possível com formadores dedicados, entusiastas, criativos, capazes de levar a relação pedagógica a outro nível e capazes de criar memórias douradoras e histórias que marcam.
Temos testemunhado desde o início desta pandemia uma tendência para a mudança da forma através da qual é transmitido o conhecimento. A formação de formadores, que poucas semanas antes do início da pandemia tinha sido objeto de alterações por parte do IEFP no que diz respeito à carga horária presencial e ao número mínimo de formandos, foi repensada. O IEFP decidiu, por força das circunstâncias, aceitar uma forma de organização que antes da pandemia não estava a ser equacionada: a realização do curso de Formação Pedagógica de Formadores totalmente à distância, com apoio em ferramentas de videoconferência e plataformas de formação. Esta opção possibilitou um leque de variadíssimas vantagens: maior facilidade de participação para pessoas com dificuldades de mobilidade (paraplegias e tetraplegias), redução de deslocações, aumento da assiduidade e pontualidade, redução das ausências por motivos imprevistos (participantes que puderem continuar a realizar o curso após testarem positivos a Covid, por exemplo), aquisição de novas competências digitais por parte dos que antes sentiam uma certa desconfiança da formação elearning, etc.
Mas este novo modelo de formar formadores trouxe também responsabilidades acrescidas aos formadores. Estes tiveram que se reinventar e abrir os portões da criatividade que lhes permitissem conseguir criar com os formandos, e estimular entre eles, os mesmos laços possíveis de realizar e fomentados em ambiente presencial. A nossa experiência até ao momento tem sido muito gratificante e isto deve-se muito ao esforço adicional feito pelos formadores, às tecnologias à nossa disposição, ao empenho dos nossos formandos. Como temos referido por várias vezes, esta forma de organização não deu azo a um decrescer na qualidade, muito pelo contrário. A formação ganhou qualidade através do acréscimo da criatividade, da dedicação, da proximidade virtual, da tolerância, da solidariedade.
Os próprios formandos ajudaram-nos perceber as conquistas que esta forma de organização possibilita. Eis alguns testemunhos:
– “permitiu que os participantes percebessem os enormes benefícios das formações virtuais, aprendendo a estimular a capacidade de interação, de imaginação e criatividade de modo espantoso, o que nos trouxe mais valias para o novo mundo que nos vai esperando e se vai construindo.”
-“Sinto que de alguma forma, este curso mudou-me a mim, e a minha vida. Apesar dos 46 anos, cresci bastante e saio mais rica desta experiência. No futuro, levo comigo alguns truques, algumas âncoras e uma bagagem que me irá possibilitar dar formação e viver essa experiencia. Uma coisa é certa, aprendi com os melhores formadores do mundo e isso foi um privilégio!
Muito Obrigada pela compreensão, pela paciência e por serem pessoas tão fantásticas. Espero ter o prazer de me voltar a cruzar com vocês na vida!”
– “ Irei lembrar-me dos pontos positivos que foram realçados nas minhas autoscopias para os manter (os antigos dizem: “em estratégia vencedora não se mexe”); percebi como é vital adequar o humor e a participação dos formandos (cativando-os) – eles são a razão dos formadores trabalharem! – pelo que não o esquecerei (mesmo em dias “menos bons”, pois nós “somos apenas humanos”) e rumarei para ser uma formadora que deixe úteis e boas memórias nos formandos (o resto vem por acréscimo)”.
– “O facto de ter sido uma formação bastante interativa, permitiu que a troca de experiências entre os formandos ajudasse a desenvolver outras competências que não são passadas a nível teórico, mas que nos fazem crescer igualmente enquanto pessoas. De um modo geral foi uma experiência fantástica de aprendizagem. Obrigada!”
– “Sem dúvida que saí com um conhecimento completamente diferente e maior e que para se ser formador não basta ter conhecimentos técnicos do que se quer ensinar/transmitir aos formandos. Conto com tudo o que assisti, li e aprendi ao longo desta formação aplicar e ser boa formadora.”

Neste período atípico temos igualmente verificado uma tendência cada vez maior dos profissionais optarem pela atividade de formador. Muitos candidatos a formadores veem-na como uma alternativa a uma situação profissional difícil e inesperada. Muitos têm competências e conhecimento valioso e têm vontade de os transmitir, outros não sabem se a irão desenvolver, mas todos veem esta formação de formadores como uma oportunidade para ganhar novas competências. Seja qual for o motivo, o formador bem moldado torna-se, seja em ambiente formal ou informal, um excelente veículo para o conhecimento, para o progresso e para a cultura.

Veronica Ghica

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