Um dia de cada vez

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Antigamente tinha-se consideração pelos velhos porque, entre outras coisas, se pensava que eles conseguiam ter uma perceção do futuro. Na realidade, aquilo que eles tinham presenciado e o que se vivia no dia a dia, e iria viver nos tempos vindouros, não diferia muito.

Podiam fazer-se projetos e programar a vida em função daquilo que era conhecido. Mas a situação alterou-se drasticamente. Nem sequer as reformas de que as pessoas usufruem podem ser dadas como adquiridas. Isso deixa-as na angústia de saber se aquilo com que contavam está garantido. Essa incerteza faz com que haja uma grande preocupação em ter um “pé de meia”, que possa valer em caso de alguma necessidade. Esse facto acaba por ter uma forte influência no ânimo das pessoas e, claro, na retração da economia.

Os que com esforço conseguem amealhar algum dinheirito e o depositam no banco já começam a duvidar da sua segurança. Assistem ao desmoronar dos bancos quase como se de um castelo de cartas se tratasse. Daí que olhem para eles com cada vez menos confiança.

Os jovens prestes a iniciar a vida ativa parecem estar num beco sem saída. Empregos são escassos e como tal têm que viver cada vez mais tempo com os pais e adiar os seus projetos de vida.

As instituições em que se confiava para proteção e segurança estão a falhar, o que faz com que cada vez se viva mais na era do imprevisível e do inesperado. A situação não para de se tornar cada vez mais surpreendente. Como se isto não bastasse cada vez se confia menos nos líderes, tal a facilidade com que transformam o verdadeiro em falso e o falso em verdadeiro, mais parecendo camaleões que acolhem todas as cores e de todas se vestem, menos daquela com que por norma se cobrem.

A situação que atravessamos não parece ter um fim à vista, o que vem obrigar as pessoas a reformular as suas ideias e projetos.

Mas se tudo se passa com grande imprevisibilidade, porque não ter a esperança de que algo de novo e de bom possa surgir?

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