Adeus mundo cada vez pior?

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Sinceramente não me consigo lembrar de quantos anos já se passaram, mas foram muitos certamente, em que assisti à venda da colheita de batatas, por um pequeno agricultor.

Foram estabelecidas as condições e quando o comprador quis dar uma quantia em dinheiro para selar o negócio, o chamado sinal, o agricultor ofendeu-se e disse que para ele a palavra valia mais do que todo o dinheiro do mundo.

Para aquele camponês, acontecesse o que acontecesse, o facto estava consumado. Um e outro tinham dado a sua palavra e isso bastava-lhe.

Estive algum tempo sem ver o agricultor e foi com alegria que ainda não há muito tempo o voltei a encontrar. Alguns sinais de velhice, nele e em mim claro, porque, isto o tempo, passa por todos.

Ele há coincidências, então não é que assisti novamente à venda de batatas! Porém desta vez ele exigiu uma quantia em dinheiro para o sinal e frisou com ênfase ao comprador que no momento em que levantasse a mercadoria teria de lhe pagar o restante, e em dinheiro pois não aceitava cheques!

Ao sentir-se observado por mim, justificou-se dizendo: Sabe, desde que me passaram um cheque sem cobertura e ficaram a dever dinheiro aos meus vizinhos deixei de confiar!

São os tempos que correm. A palavra não tem valor e o ser humano não acredita no seu semelhante.

Se a pessoa cair numa rua cheia de gente, é muito natural que a maioria olhe para ela com indiferença. É a desumanização!

O domínio dos acontecimentos é hoje em dia cada vez menor e a incerteza e a complexidade aumentam.

Há mais queixas do que soluções. Na maior parte das queixas parece estar patente uma certa saudade do passado e a primeira situação que referi, do camponês que acreditava no semelhante, é sem dúvida digna de nota e de boa recordação.

Mas não se vai a lado nenhum se se gastar tempo a tentar encontrar uma resposta para os problemas novos, e que a todo o momento vão surgindo, com soluções do passado.

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